Os ladrões que nos roubam a Alegria :
l. As circunstâncias
Muitos de nós teremos de confessar que quando as coisas nos correm «a jeito» sentimo-nos muito mais felizes e somos mais tratáveis. «O meu pai deve ter tido hoje um dia bom no emprego » — disse a pequenita Peggy à amiga que a viera visitar — «hoie não fez barulho com os pneus ao entrar aqui no parque, não bateu com a porta ao entrar em casa e deu mesmo um beijo à minha mãe!»
Já alguma vez nos detivemos a considerar quão poucas são as circunstâncias que estão realmente sob o "nosso controlo? Não temos qualquer poder sobre as condições atmosféricas ou sobre o trânsito numa estrada, ou mesmo sobre o que outras pessoas dizem e fazem. A pessoa que faz depender a sua felicidade de circunstâncias ideais acaba por passar a maior parte do tempo num estado miserável. O poeta Byron escreveu: «Os homens são o passatempo das circunstâncias». No entanto, aqui vemos o apóstolo Paulo na pior das circunstâncias a escrever uma carta repleta de alegria!
2. As pessoas
A minha filha saltou do autocarro da escola que havia parado em frente da nossa casa e precipitou-se pela porta da frente. Galgou com ar desafiador as escadas que conduziam ao quarto e bateu com a porta. Estava constantemente a resmungar em voz baixa: «Pessoas — pessoas —pessoas — PESSOAS!»
Fui até à porta do quarto e bati de mansinho.
«Posso entrar?»
Ela respondeu: «Não!»
Tentei de novo, mas repetiu num tom ainda mais aborrecido: «NÃO!»
Perguntei-lhe: «Por que não posso entrar?»
A sua resposta foi: «Porque és uma pessoa!» Todos nós temos perdido a nossa alegria por causa de pessoas: pelo que são, pelo que dizem e pelo que fazem. (Sem dúvida que também nós próprios temos contribuído para tornar qualquer outra pessoa infeliz. A coisa funciona nos dois sentidos). A verdade é que nós temos de viver e trabalhar com pessoas; mas não nos podemos isolar e continuar a viver para glorificar a Cristo. Somos a luz do mundo e o sal da terra. Contudo, há ocasiões em que a luz se ofusca e o sal se torna mais amargo por causa (doutras pessoas. Haverá alguma maneira de ter alegria a despeito das pessoas?
3. Coisas
Um homem rico estava a fazer a mudança para a sua mansão, enquanto um seu vizinho, que acreditava na simplicidade da vida, observava atentamente os seus movimentos. Contou o número de cadeiras e de mesas e a grande quantidade de bric-à-brac(objetos de pequeno valor; bibelôs, enfeites em geral) que era transportada para dentro de casa. Por fim, disse para o dono da casa: «Vizinho, se precisar de alguma coisa, venha ter comigo e eu lhe mostrarei como pode passar sem ela!»
Abraão Lincoln seguia por uma rua abaixo com os dois filhos que choravam e brigavam.
«Que se passa com os rapazes?» —perguntou--lhe um amigo.
«A mesma coisa que acontece com toda a gente» — respondeu Lincoin. «Eu tenho três nozes e cada um deles quer duas!»
Coisas! Como elas podem ser ladrões! Todavia, Jesus disse: «A vida de qualquer não consiste na abundância do que possui» (Lucas 12:15). No Sermão da Montanha, Jesus alertou-nos contra o ajuntar tesouros na terra: não são seguros, não duram e nunca satisfazem. No entanto, a maior parte das pessoas hoje em dia pensa que a alegria vem das coisas que possuem. Na realidade, as coisas podem roubar-nos o único tipo de alegria que de facto permanece.
4. Preocupação
Este é o pior de todos os ladrões! Quantas pessoas têm perdido a paz e a satisfação por causa da preocupação. De facto, a preocupação tem mesmo consequências físicas, e embora os medicamentos possam afastar os sintomas, não podem remover a causa. A preocupação é algo interior. Pode-se comprar «sono» na Farmácia, mas não se pode comprar «descanso».
Se Paulo tivesse querido preocupar-se, teria muitas ocasiões para tal. Era um prisioneiro político que possivelmente iria ser executado. Os seus amigos em Roma encontravam-se divididos nas atitudes em relação ao seu caso. Ele não contava com qualquer junta missionária a apoiá-lo, e nenhuma lei social o defendia. Não obstante todas essas dificuldades, Paulo não se preocupa! Pelo contrário, escreve uma carta transbordante de alegria e diz-nos como podemos deixar de preocupar-nos.
São estes, pois, os quatro ladrões que nos roubam a alegria: as circunstâncias, as pessoas, as coisas e a preocupação. Como é que iremos apanhar estes ladrões e impedi-los de roubar a alegria que temos por direito em Cristo? A resposta é esta: Temos de cultivar o tipo correcto de mente. Se a perspectiva determina o resultado, então a atitude mental que desenvolvemos em nós irá determinar a nossa alegria, ou a falta dela. Nos quatro capítulos de Filipenses, Paulo descreve as quatro atitudes da mente que resultarão em alegria, apesar das circunstâncias, das pessoas e das coisas, e que nos livrarão de preocupações.
Warren W. Wiersbe